quarta-feira, 1 de junho de 2016

Interrail? Só para pessoas muito (mesmo muito) organizadas


Nunca pensei que fosse tão difícil planear um Interrail. Na altura dos meus pais, bastava comprar um passe, passar algumas noites a dormir num comboio, descansar em pousadas da juventude e visitar os destinos.

Agora é tudo muito mais caro e complicado:

- Existem bilhetes flexíveis e contínuos. Isto até é uma boa ideia. Problema: os flexíveis só nos deixam viajar X dias em Y dias de viagem (exemplo, cinco dias em 10 de viagem) e os contínuos são muito caros para quem recebe um ordenado baixo e anda a poupar tostões o ano inteiro... Com os bilhetes flexíveis não dá para ir a uma série de sítios, já que nesses X dias temos de ir e voltar.

- Existe a regra das 19h00 – se entrarmos num comboio noturno, o dia de viagem só conta a partir das 00h00 do dia seguinte. Problema: segundo as regras disponíveis nos sites oficiais, esta só se aplica em comboios com viagens diretas, o que raramente acontece. Então se eu quiser ir de Lisboa até Paris e tiver de parar em Madrid às 02h00? De Madrid até Paris já é uma nova viagem? Estou confusa...

- Se quiser fazer uma viagem noturna, é obrigatório reservar lugares e pagar uma taxa (mesmo se for sentada e não numa camarata). Os preços variam de companhia para companhia. O razoável era estas taxas estarem incluídas no bilhete inicial... Digo eu...

- Tinha decidido passar pelo sul de França e fazer parte da costa italiana (se é para fazer, é para fazer EM BEM). Problema: duas noites num hostel custam quase metade do meu ordenado.

- E no Airbnb também não se arranja muito melhor. Lá consegui encontrar uns quartos baratos, mas ou estão a quilómetros do centro ou têm um ar terrível. Os melhores (sim, existem alguns muito bons com preços muito em conta) já estão reservados.

Resumindo, desisti do Interrail. Depois de ter passado horas ao computador a ver sítios, a fazer contas e a estudar todas as hipóteses, cheguei à conclusão que não sou suficientemente organizada (e poupada). Acho que vou pegar no dinheiro que juntei, dirigir-me a uma agência de viagens e pagar voo, estadia e transferes tudo de uma só vez.

É uma pena. Gostava de ter a experiência que os meus pais tiveram. Mas não vale a pena viajar em stress, só para depois regressar a Portugal com um livrinho com carimbos e dizer que fiz a costa de Itália de comboio. Até podia fazê-la, mas ia dormir debaixo de uma ponte em Amalfi e passar duas horas na fila da sopa dos pobres em Roma. Chique a valer...

2 comentários:

  1. O interrail é um tipo de viagem muito única. Tal e qual como dizes, tem de existir uma grande organização, mas, tem de se ter um espírito de aventura enorme, é mesmo para quem se vai sentir feliz na fila de sopa dos pobres em Roma! (continua com o blog, temas TOP)

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  2. Eu não me importava nada de andar por Roma com muito pouco dinheiro - a ideia era até ir para camaratas em hostels. O problema é chegar a Roma sem saber quanto dinheiro tenho e não conseguir planear minimamente a viagem. Ainda ficava retida em Itália e era notícia no Correio da Manhã! Hihihi! Obrigada pelo feedback Henrique :)

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