segunda-feira, 13 de junho de 2016

Os dramas de viver em 30 metros quadrados

Quando saí de casa dos meus pais, decidi que queria viver no centro de Lisboa. E tinha de ser mesmo no centro – não me imaginava a ir parar a uma zona onde não houvesse muitos transportes ou não existissem lojas abertas à meia-noite. Por isso, acabei por ir parar a uma das zonas mais caras da capital.

Ora, para viver nestas zonas com um ordenado baixinho, temos de nos sujeitar a casas do tamanho do nosso quarto em casa dos pais. Foi exatamente o que me aconteceu: comecei por alugar um T0 com 18 metros quadrados e, passado um ano, estava a viver num míni T1 com 30 metros quadrados (um luxo).

Problema: quando vivemos num espaço tão pequeno, temos de ser organizados, arrumados e metódicos. Tudo coisas que não sou. É nessa altura que começamos a questionar uma série de coisas:

a) Onde raio vou guardar o aspirador? E a esfregona? E o balde? E a vassoura? Em casa dos pais à dispensa… Nesta há a porta da casa de banho – o espaço atrás da mesma conta como uma divisão.

b) Onde arrumamos os 38 pares de sapatos se a nossa cama é feita com paletes (além de ficar uma cama supre gira, sai muito mais barata)? Viva o IKEA por nos apresentar sapateiras de plástico a preço bestial! E onde as colocamos? Penduradas na parede, claro!

c) Onde pomos o fogão? Não pomos. Não há espaço. Compramos uma placa elétrica e um micro-ondas com grill. Sai tudo delicioso à mesma.

d) Onde colocamos a estante para os livros? Também não colocamos. Aproveitamos aquele recanto do quarto com menos humidade para fazer uma Torre de Pisa. Assim até dá um ar de uso à coisa.

e) E o estendal? Tem de ser daqueles que se dobram. E lá está: o espaço atrás da porta da casa de banho é (praticamente) uma divisão.

f) Dá para ter um sítio para receber os amigos? Dá. Uma mesa redonda com banquinhos do IKEA (já disse que adoro o IKEA?) que, no final de uma noite de copos, empilhamos e guardamos a um canto. Os verdadeiros amigos não precisam de nada a não ser de um copo, vinho e conversa.

Os dramas são tantos que é difícil enumerar. De certeza que, com o tempo, vou me lembrar de mais alguns. E prometo partilhá-los.

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