domingo, 24 de julho de 2016

As crianças são umas bestas?

Conheci várias pessoas que foram vítimas de bullying na escola. Eram atormentadas pela forma como se vestiam, como falavam ou pura e simplesmente como eram e estavam. As vítimas eram crianças e os agressores também. Como lidar com este problema quando, supostamente, o agressor ainda está numa fase da vida em que não tem noção daquilo que faz e das repercussões das suas ações?

Pois bem, o que vou dizer pode chocar os mais sensíveis. Mas aqui vai: muitas (se não for mesmo a maioria das) crianças são umas bestas. São más, rancorosas, gozonas e insensíveis. Umas bestas, portanto.

Não quero com isto dizer que não gosto de crianças. Nada disso. Não caio é na lengalenga do ‘anjinho’ e do ‘menino que não sabe o que faz’. Eu própria gozei com quem não devia e fui gozada por coisas estúpidas e fúteis. Acho que todos sabemos do que falo. Todos passámos por um episódio semelhante.

Não sou mãe, mas tenho três irmãos mais novos e espero num futuro próximo trazer mais um pequerrucho para o clã. E dir-lhe-ei exatamente isso: tu e os que te rodeiam são umas bestas. Claro que não será esta a terminologia, incuti desde muito cedo os princípios básicos das teorias pedagógicas mais comuns. Mas dir-lhe-ei que todos os meninos e meninas têm momentos em que são maus.

Porquê? Não sei. No meu primeiro trabalho, cheguei a discutir com o meu chefe a essência do homem (éramos uma equipa com pouco tempo livre, mas muito para analisar). Eu dizia que o homem era intrinsecamente bom. Ele defendia a ideia oposta. Disse-me que, com o passar dos anos, iria dar-lhe razão. E dou mesmo. Infelizmente, dou mesmo.

E se o homem é mau, como pode uma criança não ter em si qualquer sinal de maldade?

Há exceções, claro. Nem todas as crianças maltratam os colegas. Mas acabemos de vez com a conversa da falta de noção. Se a criança não a tem, os pais que a incutam. Claro que vai continuar a fazer travessuras, a gozar com um colega ou outro e a meter-se em trabalhos, mas a desresponsabilização dos seus atos não ajuda a terminar com o bullying, um problema muitas vezes ignorado ou minimizado.

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